Somos pessoas que, neste mundo atormentado nos divertimos.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Casa dos rostos

Ao entrar em sua modesta cozinha em uma abafada tarde de agosto de 1971, Maria
Gomez Pereira, uma dona de casa espanhola, espantou-se com o que lhe pareceu um
rosto pintado no chão de cimento.

Estaria ela sonhando, ou com alucinações? Não, a estranha imagem que manchava o
chão parecia de fato o esboço de uma pintura, um retrato.

Com o correr dos dias a imagem foi ganhando detalhes e a noticia do rosto misterioso
espalhou-se com rapidez pela pequena aldeia de Belmez, perto de Cordoba, no sul
da Espanha. Alarmados pela imagem inexplicável e incomodados com o crescente
número de curiosos, os Pereira decidiram destruir o rosto; seis dias depois que
este apareceu, o filho de Maria, Miguel, quebrou o chão a marretadas. Fizeram
novo cimento e a vida dos Pereira voltou ao normal.

Mas não por muito tempo. Em uma semana, um novo rosto começou a se formar, no
mesmo lugar do primeiro. Esse rosto, aparentemente de um homem de meia idade,
era ainda mais detalhado. Primeiro apareceram os olhos, depois o nariz, os
lábios e o queixo.

Já não havia como manter os curiosos a distância. Centenas de pessoas faziam
fila fora da casa todos os dias, clamando para ver a "Casa dos
Rostos". Chamaram a policia para controlar as multidões. Quando a noticia
se espalhou, resolveu-se preservar a imagem. Os Pereira recortaram
cuidadosamente o retrato e puseram em uma moldura, protegida com vidro,
pendurando-o então ao lado da lareira.

Antes de consertar o chão os pesquisadores cavaram o local e acharam inúmeros
ossos humanos, a quase três metros de profundidade. Acreditou-se que os rastos
retratados no chão seriam dos mortos ali enterrados. Mas muitas pessoas não
aceitaram essa explicação, pois a maior das casas da rua fora construída sobre
um antigo cemitério, mas só a casa dos Pereira estava sendo afetada pelos
rostos misteriosos.

Duas semanas depois que o chão da cozinha foi cimentado pela segunda vez, outra
imagem apareceu. Um quarto rosto - de mulher - veio duas semanas depois.

Em volta deste ultimo apareceram vários rostos menores; os observadores
contaram de nove a dezoito imagens.

Ao longo dos anos os rostos mudaram de formato, alguns foram se apagando. E
então, no inicio dos anos oitenta, começaram a aparecer outros.

O que - ou quem - criou os rostos fantasmagóricos no chão daquela humilde casa?
Pelo menos um dos pesquisadores sugeriu que as imagens seriam obra de algum
membro da família Pereira. Mas alguns quimicos que examinaram o cimento
declararam-se perplexos com o fenômeno. Cientistas, professores universitários,
parapsicólogos, a policia, sacerdotes e outros analisaram minuciosamente a
imagem no chão da cozinha de Maria Gomes Pereira, mas nada concluiram que
explicasse a origem dos retratos.